terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O DESFALQUE NO BANESPA

A imprensa noticiava em janeiro de 1958 a ocorrência de um desfalque na agência do Banespa de nossa cidade. Acontecia na mesma uma inspeção (auditoria) e o responsável por esses trabalhos informava que não havia, até o momento, encontrado qualquer irregularidade. No entanto, era estranho o fato de o gerente da agência ter entrado em férias - provavelmente foi afastado para não dificultar as investigações. Na cidade, corriam boatos que o contador, que era o segundo homem da agência, havia comunicado o fato à matriz do Banco e tomado rumo ignorado. 
Falava-se em valores: 6 milhões de cruzeiros - para termos uma ideia desse valor, o livro "Maravilhas do Conto Italiano" era vendido na época por 130 cruzeiros - com os 6 milhões, seria possível comprar quase 50 mil exemplares do mesmo. Já o salário mínimo era de Cr$ 3.800 - 6 milhões seriam cerca de 1.600 salários mínimos, valor hoje na casa dos R$ 1,6 milhões. Para os padrões atuais de corrupção, um valor muito pequeno...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

THOMAS ARCHIBALD SCOTT - UM ESCOCÊS JUNDIAIENSE


Thomas Archibald Scott nasceu em Dundee, Escócia, em 20/10/1855. Veio para o Brasil no final do século XIX, contratado para trabalhar para a companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas. Praticante do futebol em sua terra natal, trouxe o esporte para o Brasil, tendo contribuído para a fundação, em 1900, da Ponte Preta de Campinas, o mais antigo clube de futebol do Brasil.

Em 1902, em função da epidemia de febre amarela que assolou Campinas, a Paulista transferiu suas oficinas e administração para Jundiaí, ocasião em que Scott se radicou em nossa cidade, atuando como contramestre (uma espécie de gerente) das oficinas. Já tinha ligações por aqui, tendo em 1900 sido um dos fundadores do Grêmio CP. 

Em nossa cidade, foi um dos fundadores do primeiro time de futebol de nossa cidade, o Jundiahy Football Club, que durou pouco tempo; mas Scott, fã do esporte, ajudou a fundar o Paulista em 1909, tendo sido membro de sua primeira diretoria. 

Era casado com  Helen Cowie Scott e tiveram 7 filhos, sendo 6 homens - a filha chamava-se Nelly. Faleceu em 5 de fevereiro de 1913; ele e a esposa estão sepultados na quadra 10 do  cemitério NS. do Desterro, onde o túmulo chama a atenção por ter inscrições em inglês (foto ao lado). 

Scott provavelmente morou no prédio que mais tarde foi adquirido pelo Lar Anália Franco, situado na esquina das ruas Prudente de Moraes e Siqueira de Moraes (à época, 30 de outubro), bem próximo às oficinas da Paulista, onde Scott trabalhava. O que se sabe com certeza é que o imóvel, hoje demolido e cuja foto está ao lado, foi vendido por seus herdeiros ao Anália Franco.

Ema curiosidade sobre Scott: em maio de 1906 houve uma greve de ferroviários da Paulista. Um trem especial circulou entre Jundiaí e Campinas; os maquinistas eram o estudante de engenharia Luiz Prado, filho do Conselheiro Antonio Prado, dirigente da ferrovia e Scott. Entre outras peripécias, o trem teve dificuldades em uma subida, pois os grevistas haviam passado sabão nos trilhos!

Sem dúvida, temos um grande dívida com Scott, pois três tradicionais clubes, que continuam em atividade, foram frutos de seu trabalho: a Ponte Preta, o Grêmio CP e o Paulista.

Será que ele não mereceria ao menos ter seu nome dado a uma rua de nossa cidade?





OUTRA EMPRESA DO PASSADO: A FÁBRICA DE CAMAS BAVIERA



A Folha da Manhã de 24 de janeiro de 1937 trazia um anúncio da Fábrica de Camas Baviera, uma empresa de nossa cidade que dizia ser "um orgulho da indústria jundiahyense".

As camas da época eram bastante diferentes das atuais, não só em visual como em estrutura, como podemos ver na foto. O "enchergão" de arame hoje foi substituído por um estrado, graças aos colchões modernos os antigos eram de crina (de cavalo ou vegetal) ou palha, necessitando de uma base mais flexível para ficarem mais confortáveis. 

O anúncio chamava a atenção para as qualidades do produto: "qualidade", "elegância", "perfeição" e "conforto" eram os termos utilizados.

Há informações dando conta de  que a fábrica se localizava à Rua Eng. Monlevade 13 - como essa rua faz esquina com a Dr. Cavalcanti, é possível que o prédio fosse o mesmo; a numeração atual é diferente. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

1966: A CICA INAUGURAVA SUA QUADRA DE ESPORTES

Em meados de 1966, a CICA inaugurou uma quadra de esportes, destinada ao lazer de seus funcionários. 

A quadra ocupava um terreno onde hoje se localiza um supermercado (Paulistão); a área pertenceu antes à família Righi e se estendia desde o início da Rua Cica, pelo lado direito de quem vai do centro para o bairro, até aproximadamente onde se localiza outro supermercado (Russi). A área da quadra é assinalada em vermelho na ilustração acima. 

O vereador Benedito Elias de Almeida propôs à Câmara voto de congratulações à empresa, que respondeu com a carta cuja imagem está abaixo - era assinada por Clodoaldo Françoso, executivo da empresa.


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

1940: MULHER MORTA PELO MARIDO NO MATO DENTRO





O jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 15 de setembro de 1940 noticiava um crime de morte acontecido em nossa cidade. 

No domingo anterior, algumas pessoas que estavam caçando veados passaram pela estrada que liga nossa cidade a Itatiba, na altura do bairro Mato Dentro, quando depararam-se com o cadáver de uma mulher, ao lado do qual encontraram uma faca e respectiva bainha. 

As suspeitas recaíram sobre o marido da vítima, João Qualho que alguns dias antes queixara-se à Polícia do desaparecimento de sua esposa, Thereza Qualho. Interrogado, João disse nada saber, mas confrontado com o fato de ter dito ao sogro, que perguntara pela filha, que "ela devia, àquela hora, estar sendo devorada pelos urubus", acabou confessando, justificando tela matado porque a mesma "não procedia corretamente"... 

Curiosamente, a autópsia concluiu que Thereza fora morta por esganadura...





sábado, 20 de janeiro de 2018

A EDIÇÃO DE 9 DE MARÇO DE 1950 DO JORNAL "A COMARCA"


O Professor Maurício Ferreira, em sua página do Facebook, publicou recentemente um interessante post, falando do jornal jundiaiense "A Comarca", que foi fundado em 1926, e que teve teve à sua frente, durante muito tempo, João Batista de Figueiredo, que foi também professor e advogado. O Jornal tinha sede à Rua do Rosário (o local hoje é referenciado  hoje como Praça Governador Pedro de Toledo), próximo à Catedral, e sua gráfica oferecia também serviços de impressão de formulários, folhetos etc.

O post mostra partes da edição de 9 de março de 1950, e nos permite conhecer coisas interessantes de nossa cidade, como anúncios buscando empregados, profissionais liberais (médico e engenheiro) oferecendo seus trabalhos, imóveis e até mesmo um da Funerária Bonifácio, que prometia "serviço completo, rápido e barato"! 



Consideramos o anúncio mais interessante, por razões pessoais,  o de venda de uma chácara  situada na Rua Cica, com fundos para o Rio Guapeva. Não temos ideia de onde se localizava o imóvel, mas certamente ficava entre a Rua São Luís (final do prédio da CICA/Telhanorte) e o final da rua, onde hoje fica a Delegacia de Polícia, do lado esquerdo da rua no sentido de quem vai para a Vila Rami. Vale lembrar que o rio não seguia seu traçado atual, praticamente reto - tinha muitas curvas, e em linhas gerais passava mais perto da Rua Cica do que na atualidade, o que dificulta a localização do imovel. Gostaríamos muito de ter informações adicionais a respeito da chácara. 

Encerra-se este post com mais alguns dos anúncios publicados naquela edição do jornal.





quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

2 DE FEVEREIRO DE 1949: UMA QUASE TRAGÉDIA NO TÚNEL DE BOTUJURU


A Folha da Noite noticiava que na tarde de 2 de fevereiro de 1949 por muito pouco não ocorreu uma tragédia: um trem de passageiros, que vinha de São Paulo para Jundiaí com cerca de 600 passageiros, parou dentro do túnel de Botujuru, por problemas técnicos. 

Locomotiva similar à que tracionava o trem
O trem era tracionado por uma locomotiva diesel, e a fumaça asfixiante gerada pela máquina encheu o túnel, o que junto com a escuridão, levou os passageiros ao pânico.

A ação rápida e decidida do  guarda-trem acalmou os passageiros, e apenas alguns sofreram leves escoriações ao movimentarem-se dentro do trem. Cerca de 15 minutos depois a locomotiva voltou a mover-se e a fumaça se dissipou quando o trem deixou o túnel. 

Vale lembrar que o túnel já foi cenário de diversos casos interessantes, que abordamos em outros posts, como o do passageiro que caiu de um trem que passava pelo túnel e sofreu apenas escoriações,  do fantasma de um encarregado de obras do túnel que foi assassinado na área e de um massacre ocorrido na região

Na foto abaixo, um trem (litorina) entrando no túnel.


domingo, 14 de janeiro de 2018

1951: SURGIAM AS VILAS DE VECCHI E SÃO PAULO

Em 1951 estava sendo loteada a área que hoje compõe as vilas De Vecchi e São Paulo. 

A área fazia parte da antiga Fazenda Progresso, de que tratamos em post anterior. Essa fazenda pertencera a  Arthur De Vecchi, que nasceu na Itália em 1868 e chegou ao Brasil em 1908, depois de ter vivido alguns anos na Argentina. Ao chegar, instalou-se   no município de Campos, no estado do Rio de Janeiro, onde adquiriu uma usina de açúcar. Transferiu-se posteriormente para Jundiaí, instalando-se em um sítio no bairro da Toca em 1913; ali plantava uvas. 

Em 1918, adquiriu a Fazenda Progresso, próximo à Vila Arens (essa fazenda transformou-se mais tarde na Vila Progresso, partes da qual são as Vilas S. Paulo e De Vecchi), implantando ali, a maior cultura vitícola do país: 360.000 videiras da variedade Seibel 2, numa área de 100 hectares. Era uma propriedade modelar: ali atuava um engenheiro agrônomo (G. Cunha), aplicava-se fertilizantes químicos e eram utilizados equipamentos mecanizados. 

Em 1920, fundou o Estabelecimento Enológico De Vecchi, transformado mais tarde na Companhia Viti-Vinícola Paulista S.A. (1928). A empresa funcionava à avenida Dr. Cavalcanti, ao lado direito de quem vai para o centro da cidade, pouco antes do prédio hoje ocupado pela Receita Federal (ao lado esquerdo da rua). No prédio, hoje demolido, funcionaram a fábrica de refrigerantes Ferraspari e a indústria de bebidas Caldas. 

O anúncio fazia menção a um Estádio Municipal - o que acabou sendo construído  ali foi o estádio da Associação Primavera de Esportes. Há também um exagero: a área não fica a mil metros do centro da cidade, mas pelo menos a quatro mil! Propaganda enganosa sempre existiu...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

1944: UM CONCURSO PÚBLICO PARA "ESCRITURÁRIO-DATILÓGRAFO"

A Folha da Manhã anunciava em 30 de agosto de 1944 a realização de um concurso para o provimento de cargos de "escriturário-datilógrafo" para a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários da Cia. Paulista, que fora fundada em 1923. Era "um senhor emprego" para os padrões da época.

Algumas curiosidades: os candidatos deveriam levar caneta-tinteiro ou lápis-tinta; textos escritos com esses lápis não podiam ser apagados, o que ocorria também com o que era colocado no papel com canetas tinteiro. 

Havia prova de datilografia; os candidatos podiam optar por levar suas próprias máquinas de escrever, que deviam ter seus tipos limpos e com fita preta; para garantir o sigilo das provas, não podiam ter "tipos góticos, itálicos ou outros que despertem atenção e prejudiquem o sigilo da prova".

Toda essa tecnologia, já não é mais usada, com exceção das canetas tinteiro, ainda objeto da atenção de alguns saudosistas...


quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

1969 - NOSSO AEROCLUBE RECEBIA UM NOVO AVIÃO

Cherokee similar ao recebido pelo Aeroclube
Em fevereiro de 1969, nosso Aeroclube recebeu um novo avião, um Cherokee PA-28-149, que recebeu o prefixo PT-AKK.

A série PA-28, é produzida desde 1961 pela Piper Aircraft; mais de 33 mil exemplares já foram produzidos, o que faz dela uma das aeronaves de maior sucesso em todo o mundo; inovações tecnológicas são constantemente incorporadas à linha. 

O PT-AKK teve um fim triste: caiu em Santa Cruz do Rio Pardo em 29 de maio de 1983, ao que parece por falha do piloto, que não teria levado em conta problema técnico que o avião apresentara após colidir com uma rede elétrica. Ao que consta não mais pertencia ao nosso Aeroclube.