quinta-feira, 31 de agosto de 2017

UM TÚNEL LIGANDO A VILA RAMI A SANTA CLARA

Neste momento em que se trabalha na construção de viadutos que permitirão cruzar a Via Anhanguera, vale lembrar inciativa do vereador Alberto da Costa, que em 1955 sugeria a construção de um túnel sob a estrada, ligando a Vila Rami a Santa Clara - bairros como as vilas Comercial e Maringá não existiam.

O Vereador dizia que cerca de 20 pessoas já haviam perdido a  vida tentando cruzar a Anhanguera no local em que termina a Rua Bom Jesus de Pirapora, e para solucionar o problema, propunha estudos para a construção do túnel. 

Alberto da Costa
No mesmo documento, o Vereador lembrava que o governo estadual, para reduzir despesas, dispensou guardas rodoviários cujo trabalho aumentava a segurança do local - 62 anos depois, esses problemas ainda persistem.    

Alberto da Costa (1904-1964) era contador, funcionário da  Cia. Paulista de Estradas de Ferro e foi   Vereador por quatro legislaturas pelo PTB - Partido Trabalhista Brasileiro. Foi da Congregação de São Vicente de Paulo, onde teve destacada atuação, tendo ajudado na criação da Vila dos Pobres, hoje Cidade Vicentina. Foi protagonista de um tumulto em nossa Câmara, que relatamos aqui. 

Quanto ao túnel, acabou não sendo construído, e a função de cruzar a Anhanguera foi assumida pelo viaduto da Vila Comercial; a foto ao lado mostra políticos e moradores da região em reunião com o Governador Carvalho Pinto, discutindo o assunto.  

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O FOOTING E O CINEMA EM NOSSA CIDADE





A partir talvez dos anos 1920 - e até talvez os anos 1960 - paquerar (será que essa palavra ainda existe?) era sinônimo de caminhar pelas ruas e, claro, flertar (será que isso ainda existe?) quando possível - isso era chamado "footing". 

O "footing", que vem do inglês 'ir a pé', acontecia principalmente nas cidades menores - as garotas colocavam suas melhores roupas  e saíam para caminhar com um objetivo claro: serem observadas pelos rapazes, igualmente bem arrumados, que tinham como objetivo, observar as meninas...

Aqui em Jundiaí, isso acontecia aos sábados e domingos, principalmente na área próxima aos cinemas do centro, nas ruas Barão de Jundiaí e Rosário e na praça Governador Pedro de Toledo - a ideia era que as meninas caminhassem e os rapazes ficassem parados; inúmeros namoros e casamentos começaram no "footing". Nos anos 1950, nossa Prefeitura interditava o trecho da Rua Barão entre a praça e a rua da Padroeira, local onde o "footing" era mais intenso. 

Em 1958, o vereador Nelson Chacra pedia que a Prefeitura levantasse essa interdição nos dias chuvosos, quando não havia "footing", de forma a que automóveis pudessem recolher as pessoas que estivessem saindo da primeira sessão do Cine Ipiranga, que começava às 7 da noite e terminavam por volta das 21.  Um dos filmes exibidos na época pelo Ipiranga foi "Kirongozi, o Mestre Caçador", um documentário de 1957 que foi protagonizado por Jorge Alves de Lima, um caçador brasileiro que viveu muitos anos na África, no Quênia e Tanzania onde era conhecido como "Kirongozi", que significa "mestre caçador" no idioma local

Além do Ipiranga, os outros cinemas de nossa cidade eram o Ideal, Politeama, Marabá, República e Vitória - bons tempos...



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

BASQUETE: JUNDIAÍ BRILHOU NOS JOGOS PAN-AMERICANOS DE 1987

Oscar
Os Jogos Pan-Americanos, disputados em agosto de 1987 foram marcantes para o esporte brasileiro. 

Acostumados a dominarem os Jogos, os Estados Unidos brilharam ainda mais na competição que sediaram. Das 326 medalhas de ouro distribuídas em Indianapolis, 168 foram para atletas norte-americanos, que subiram 369 vezes ao pódio, mais do que Cuba e Canadá, segundo e terceiro colocados, juntos. 

Marcel, ainda bem jovem
No entanto, no basquete masculino, um dos orgulhos dos americanos, eles decepcionaram e acabaram perdendo para o Brasil em um dos momentos marcantes da história do esporte: foi a primeira vez que o time americano perdeu um jogo em casa, a primeira vez que foi derrotado em finais e  a primeira vez em que tomou mais de cem pontos diante de seus torcedores. Além disso, o Brasil quebrou uma invencibilidade de 34 partidas oficiais do time americano de basquete. 

O ouro ganho pelo Brasil foi um dos fatores que levaram os EUA a mais tarde convocarem atletas profissionais para  sua seleção, que chegaria ao ápice com o Dream Team de 1992.

O time brasileiro não assustava os americanos. Segundo seu técnico, bastava uma marcação forte em cima de Oscar e Marcel (um dos jundiaienses do time, ao lado de André e Maury, que não jogaram na final), que arremessavam com muita precisão.


Maury, já veterano
André e o técnico Ary Vidal
A linha dos três pontos havia sido  adicionada às regras do jogo há cinco anos; era ainda inexplorada por muitos. E foi assim que o Brasil venceu os EUA, explorando os arremessos de três de Marcel e Oscar, que havia anotado apenas 11 pontos no primeiro tempo, mas que no segundo, anotou 35. Encaixou nada menos do que seis bolas de três e terminou a partida com 46 pontos, tendo acertado 7 arremessos de 3 pontos, em 15 tentativas (46,7%). Marcel repetiu Oscar e marcou apenas 11 pontos na etapa inicial e mais    mais 20 na segunda etapa, terminando a partida com 31 (na época o jogo não era dividido em quartos, como hoje). Os dois, juntos, anotaram 55 dos 66 pontos do Brasil no segundo tempo.  

O jogo, disputado no dia 23 de agosto de 1987, terminou 120 a 115, com um primeiro tempo de 68 a 54 para os americanos - como dizem os fãs do esporte, "de virada é mais gostoso".

Aqui, um vídeo relembrando o jogo. 

domingo, 20 de agosto de 2017

REVOLUÇÃO DE 32 - TEMPOS DUROS...

A Folha da Manhã de 13 de agosto de 1932 trazia notícias a respeito de coletas que vinham sendo feitas para da suporte à Revolução então em andamento: os professores de Rocinha (Vinhedo) doaram um dia de salário, pessoas doavam dinheiro destinado à aquisição de capacetes de aço para os soldados. 

Mas o que mais chama a atenção era a coleta de tecidos de lã para a confecção de "carapuças" (abrigo para a cabeça) para proteger os soldados do frio; havia uma "Comissão para confeccionamento de fardamentos e acessórios para os soldados", que informava serem aceitos casacos de lão para serem desmanchados para a confecção das ditas carapuças.

Tempos duros...



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

EM 1930 A CRISE ESTAVA BRAVA E ATRAPALHAVA O AMOR E OS TAXISTAS

A Folha da Manhã, em sua edição de 27 de agosto de 1930 narrava como uma história de amor fora atrapalhada pela crise.

Miguel Marotti, um santista de 19 anos, apaixonou-se por uma "mocinha", casada, mas que maltratada pelo marido, fugiu com Miguel para nossa cidade. Aqui, o jovem começou a trabalhar em uma fábrica, que algum tempo depois, fechou em função da crise. 

O casal ficou em situação difícil e resolveu voltar para Santos, tendo ido à Polícia solicitar passes (passagens) para aquela cidade.

Os policiais, desconfiados, investigaram o casal, que acabou sendo preso e levado a Santos sob escolta, onde foi apresentado à Delegacia Regional. 

Ignora-se o que aconteceu depois, mas se na atualidade todos os protagonistas de histórias semelhantes fossem presos, iria faltar cadeia...  

Já naquela época, e ainda sem a concorrência do Uber, os taxistas (na época chamados "chauffeurs") também viviam tempos difíceis, como mostram desenhos de Belmonte, um dos maiores caricaturistas brasileiros, publicados na mesma edição: 


Os "grilos" eram os guardas de trânsito, assim chamados em função dos apitos que utilizavam ao dirigir o tráfego.

sábado, 12 de agosto de 2017

ROUBARAM UMA TONELADA DE POLENTA

Em outubro de 1989, o vereador Erazê Martinho requereu à Prefeitura informações sobre irregularidades havidas na mesma:



O prefeito Walmor Barbosa Martins respondeu listando os casos que vinham sendo apurados, quase todos referentes a furtos de materiais. Um, que vinha se arrastando desde 1986, se destacava por ser inusitado: 



Infelizmente não conseguimos mais informações a respeito do caso - provavelmente os Sherlocks da Prefeitura não conseguiram descobrir quem foram os autores da façanha. A foto abaixo pode dar uma pista...




quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O CAMPEONATO PAULISTA DE BASQUETE DE 1932

A Folha da Manhã de 26 de fevereiro de 1932 noticiava o início do campeonato estadual de bola ao cesto - ainda não se usava a expressão "basquete", hoje consagrada.  

Participariam a Esportiva, de nossa cidade, o Palestra Itália (atual Palmeiras) de São Paulo, o Vasco da Gama de Santos  e a Ponte Preta de Campinas. 

Como pode ser perceber, era um campeonato "de tiro curto" - o Palestra venceu o Vasco por 52 a 4 e a Ponte, que venceu a Esportiva na primeira rodada por 22 a 15, fizeram a final, com vitória do Palestra por 21 a 15. 

Dois detalhes as equipes eram chamadas "turmas" e o escudo do Palestra tinha as letras em vermelho. 


Para termos uma ideia de outras atividades de lazer da época, o anúncio de um filme com os Irmãos Marx, que faziam grande sucesso na época:




domingo, 6 de agosto de 2017

UMA HISTÓRIA MUITO TRISTE

A Folha da Manhã, de 6 de dezembro de 1933 narrava uma caso muito triste, ocorrido em nossa cidade: uma senhora, em companhia de duas amigas dirigia-se à estação da Ingleza (nome pelo qual era conhecida a São Paulo Railway, depois Santos a Jundiaí), quando dela se aproximou uma desconhecida, acompanhada de duas meninas pequenas e com um bebê de cerca de um mês nos braços. 

Aproximando-se da senhora, a desconhecida entregou-lhe o bebê, dizendo "crie meu filho", indo em seguida, apressadamente, para a estação, onde tomou um trem que saia para São Paulo. 

Sem ação, as senhoras dirigiram-se à delegacia de polícia, que segundo o jornal tomaria "as providências que o caso requeria". 

Uma história muito triste e que deixa algumas dúvidas: quais foram as providências? O que aconteceu com a criança??? 

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

EM 1915, "A CIGARRA" FALAVA DA CASCATINHA

A Cigarra foi uma revista publicada na cidade de São Paulo entre 1914 e 1975; era voltada mais para o público feminino e tinha um estilo elitista e pomposo.

Foram seus colaboradores Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Paulo Mendes de Almeida, Oswald de Andrade, Leo Vaz, Paulo Setubal e outros escritores renomados.

Em uma de suas edições do ano de 1915, publicou a matéria abaixo:  


Jorge Kenworthy era industrial do ramo têxtil em Sorocaba; essa cascatinha é provavelmente a que existiu nos terrenos do quartel do 12º GAC e a estrada de rodagem mencionada é o que chamamos hoje de Estrada Velha - provavelmente fora antecedida por um simples caminho. 

Para dar um pouco mais do sabor da época, segue uma foto feita no Jockey Club de São Paulo e publicada na mesma edição da revista:

Vale lembrar que, naquela época, o Jockey ficava na rua Bresser, bairro da Mooca.