quarta-feira, 29 de março de 2017

1938: ACIDENTE COM ARMA DE FOGO MATA UMA CRIANÇA.

A Folha da Manhã em sua edição de 25 de junho de 1938 noticiava uma tragédia: dois dias antes, dois irmãos, um de sete e outro de três anos, na ausência dos pais, brincavam com uma garrucha que haviam tirado de uma gaveta, em sua residência no bairro do Tijuco Preto. 

Ai, aconteceu a tragédia: a arma disparou, atingindo o menino mais velho na testa, matando-o instantaneamente. 

Fatos como estes devem servir de alerta àqueles que pedem maior liberdade para posse e uso de armas de fogo - uma desatenção pode gerar uma tragédia.


sábado, 25 de março de 2017

O 2º GRUPO DE ARTILHARIA DE MONTANHA EM 1931

Em  4 de agosto de 1931 o jornal Folha da noite trazia matéria acerca do então 2º Grupo de Artilharia de Montanha, hoje 12º GAC.

A unidade era comandada pelo então tenente coronel Sebastião do Rego Barros, que exerceu posteriormente importantes funções em nosso Exército.

Em 1938, apesar de não preencher todas as condições para tal, foi promovido a general de brigada - no decreto que o promovia, era dito tratar-se de um militar enérgico, decidido, inteligente e firme nas suas decisões, e que nas funções que exerceu como coronel, comandando o 1º Regimento de Artilharia, as 2ª e 3ª Brigadas de Artilharia,  e a Inspetoria de Defesa de Costa, demonstrou ser um chefe de raciocínio pronto, hábil em conquistar seus comandados pelo exemplo, reto e constante nas suas atitudes. A promoção foi caracterizada como uma medida de exceção. 

A matéria relata as melhorias efetuadas pelo comandante no velho quartel do centro da cidade, e menciona inclusive a criação de uma banda, mais precisamente um "jazz band" que chegou a tocar em uma festa da qual participou o Príncipe de Gales, futuro Rei da Inglaterra, que elogiou o grupo.

Era o fiscal da unidade o então major Raul Mendes de Vasconcellos, que como coronel comandou a Escola de Educação Física do Exército e faleceu em 1961, tendo também chegado ao generalato. 

A reportagem menciona o então capitão Zeno Estillac Leal, que também teve uma carreira brilhante no Exército - no 2ºGAMth, comandou  a 1ª BO e exerceu em diferentes ocasiões as funções de comandante e de subcomandante do grupo. Estagiou nos Estados Unidos, comandou o então 1º Grupo de Artilharia da Costa, sediado na Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro.  Foi adido militar em Buenos Aires e comandante da AD/2.

Seguiu exercendo funções importantes, como a de comandante do então IV Exército e do Estado Maior do Exército, do qual se retirou em 1958 ao passar para a reserva no posto de Marechal. Faleceu em 1983.

Pelo conteúdo da matéria pode-se constatar o alto nível dos militares que tem passado pelo hoje 12º GAC.



    

quarta-feira, 22 de março de 2017

O CAPA PRETA

Em sua edição de 23 de agosto de 1934, a Folha da Manhã transcrevia nota publicada em 16 do mesmo mês pelo jornal A Comarca, de nossa cidade.

Segundo a nota, um indivíduo mascarado e vestindo uma capa preta, perseguia as funcionárias das indústrias têxteis, que em sua maioria situavam-se no bairro de Vila Arens e que deixavam o trabalho por volta das 22 horas. 

O jornal dizia que o bairro estava em polvorosa, tendo algumas jovens afirmado que duas delas foram perseguidas pelo Capa Preta até a Rua Rangel Pestana, no centro da cidade. 

O jornal punha em dúvida esse fato e até mesmo a existência do Capa Preta, pois dizia que até mesmo os vagabundos que perambulavam pelas ruas eram convidados a deixar a cidade ou iriam dormir no xadrez. 

Para encerrar: minha avó falava  desse personagem, e dizia ter certeza de sua identidade - seria um de nossos parentes!

Quem? Não podemos dizer, pois seus descendentes ainda estão entre nós...

sábado, 18 de março de 2017

DEMISSÕES NA FÁBRICA SÃO BENTO

A Juventude Operária Católica foi fundada em 1923 na Bélgica e logo chegou ao Brasil, embora só tenha adquirido maior importância em nosso país nos anos 1940. Declarava ter como missão "a libertação dos jovens trabalhadores e trabalhadoras; ser testemunha da presença libertadora de Jesus e do projeto de Jesus Cristo no seio da classe operária".

Seu jornal "O Trabalho" publicou em maio de 1949 uma matéria sobre a demissão de 70 trabalhadores da Fábrica de Tecidos São Bento, provocada, de acordo com a empresa por queda nas vendas. 

No início da década de 1960, a JOC cerca de 25 mil membros em nosso país e seu jornal mensal alcançou uma tiragem de 40 mil exemplares.  Tendo optado por uma ação voltada para a política partidária, foi perseguida após 1964, com muitos de seus membros presos; na atualidade, sua expressão é pequena. 

Quanto às demissões, infelizmente vivemos um cenário bastante semelhante. 


quarta-feira, 15 de março de 2017

1950: INAUGURADO O PRIMEIRO SEMÁFORO DE JUNDIAÍ


Em 25 de setembro de 1950 Jundiaí dava mais um passo rumo ao progresso: na esquina das ruas do Rosário e Bernardino de Campos foi inaugurado o primeiro semáforo de nossa cidade. 

O detalhe é que o aparelho era chamado "sinal luminoso", e para sua instalação, hoje de responsabilidade da Prefeitura, foi necessário recorrer ao Serviço de Trânsito do Estado. 

sábado, 11 de março de 2017

1948: - O PROF. JOAQUIM CANDELÁRIO DE FREITAS DENUNCIA: AÇOUGUEIROS E PADEIROS EXPLORAM O POVO

Joaquim Candelário de Freitas (1907-1969) foi um célebre professor em nossa cidade, tendo atuado nas escolas Padre Anchieta, Luiz Rosa e SENAI. Seu nome foi dado ao viaduto que liga o centro da cidade à Vila Rio Branco e a uma rua em Várzea Paulista. Estudou no Seminário Menor de Pirapora e graduou-se em Filosofia pela Escola Superior de Filosofia, em São Paulo. Foi redator-chefe do jornal " O Porvir", que circulou em nossa cidade nos anos 1920/1930.

Dedicou-se também à política, tendo sido vereador durante muitos anos. Muito combativo, utilizava uma linguagem rebuscada em documentos oficiais. Exemplo dessas características, está no requerimento abaixo, de 1948, em que combatia os preços altos praticados por padeiros e açougueiros de nossa cidade, que também roubavam no peso:

Vemos expressões como "volúpia satânica de matar o povo à fome", "casta vulturina" (grupo de abutres) e "apetites voraginosos dessa sanguissedenta classe" - eram características do vereador e da linguagem usada à época...

O requerimento termina pedindo que a Câmara solicitasse ao Prefeito, de forma enérgica, a tomada de medidas radicais acerca do assunto:  

Tudo isso no mesmo estilo, dizendo que os padeiros e açougueiros eram assaltantes que impunemente atacavam "o Povo, esse eterno e indefeso viajante da longa estrada da vida".

O requerimento foi aprovado pelos vereadores e enviado ao Prefeito - o que aconteceu depois, não sabemos...


quarta-feira, 8 de março de 2017

O ABADE DOM PEDRO ROESER - UM GRANDE HOMEM

Em 21 de novembro de 1870, na cidade de Mergentheim, no reino de Württemberg, no sul da Alemanha, nasceu o menino Edmundo, filho de José e Maria Roeser.

Em 14 de novembro de 1894, ingressou na Abadia de Beuron, tendo sido ordenado em 10 de outubro de 1898 e celebrado a primeira missa em 13 de outubro de 1898; como era hábito na época, adotou o nome de Pedro, numa referência ao apóstolo São Pedro.

Foi transferido para o Mosteiro de Santo André, em Bruges (Bélgica), onde foi nomeado zelador e mestre dos noviços e de lá para o Brasil. 

Transferido para o Brasil passou a estudar nosso idioma e costumes, tendo embarcado no porto de Hamburgo em 28 de setembro de 1899. No Brasil, foi designado para a residência de Nossa Senhora da Conceição, na Serra do Baturité, no Estado do Ceará, onde ficou até o dia 1º de fevereiro de 1900, como Prior e Instrutor. 

Após seis anos de dedicação e trabalho ali, torna-se cidadão brasileiro, ao se naturalizar em 1905. Em dezembro de 1906, foi enviado para Olinda, sendo nomeado Abade do Mosteiro de Olinda.

Muito preocupado com a educação, idealizou a criação de uma  escola de medicina veterinária e agricultura, moldada nas “Landwirtschaftliche Hochschule” alemãs. A instituição receberia o nome de  “Escolas Superiores de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento”, com programas baseados nos currículos adotados pelas congêneres de Munich e Halle. 

Ao serem fundadas as “Escolas Superiores”, em 03 de novembro de 1912, deu-se início à construção de edifícios escolares anexos ao Mosteiro de São Bento, em Olinda. Simultaneamente foram abertas matrículas para um curso preparatório, inaugurado em 5 de fevereiro de 1913 e com freqüência de 71 alunos. 

Em 1914 ingressou no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, fazendo parte da Comissão de Arqueologia e Etnografia. 

Para comemorar o Centenário da Independência do Brasil, trabalhou intensamente para fundar um hospital - a pedra fundamental do Hospital do Centenário foi lançada em 7 de setembro de 1922 e sua inauguração ocorreu em 3 de maio de 1925.

Saindo do nordeste, foi transferindo inicialmente para Santos e daí para Sorocaba; em 21 de agosto de 1931, transferiu-se definitivamente para o pequeno Mosteiro de São Bento de Jundiaí, onde seu sacerdócio ativo e fecundo expandiu-se longamente. 

Vendo a penúria e o abandono das crianças pobres dos operários das fábricas, decidiu fundar, ainda em 1931, a Casa da Criança, e que permanece em atividade até os dias atuais, instalada inicialmente na Rua Torres Neves e atualmente na Praça D. Pedro II. A entidade, hoje uma escola de ensino básico, atende atualmente cerca de 200 crianças, já tendo passado por ela mais de dez mil -  o recorte ao lado fala um pouco dos primeiros tempos da entidade. 

Prevendo o crescimento do número de crianças desamparadas, idealizou e fundou, em 1940, a Congregação das Oblatas Missionárias de Santa Úrsula, para orientar e manter suas obras sociais e dar assistência catequética às populações rurais. 

Visando proteger, notadamente as famílias do campo, assistindo à parturiente do campo, socorrendo o lavrador e seus filhos e dando-lhes instrução, Dom Pedro Roeser, fundou em 1943 o Aprendizado Agrícola Dr. Olavo Guimarães. 

A comenda da Grã Ordem do Cruzeiro do Sul, maior condecoração outorgada pelo governo brasileiro, foi-lhe concedida em 29 de junho de 1953. Em gratidão ao seu Cidadão Benemérito, o povo de Jundiaí, após sua morte, ergueu na Praça Dom Pedro II, situada defronte à Casa da Criança uma escultura, para perpetuar no bronze sua grande vida e magnífica obra. Olinda, lhe prestou uma justa e merecida homenagem, ao conferir a uma de suas ruas, situada no centro histórico o nome de Dom Pedro Roeser, que em 1948 já havia recebido de nossa cidade o título de "Cidadão Benemérito de Jundiaí". 

A Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, continuação da obra Dom Pedro Roeser, considera-o seu primeiro Reitor e concede anualmente, a medalha que leva o seu nome, a pessoa física ou jurídica, que tenha prestado relevantes serviços àquela Universidade ou à educação no Brasil. 

Dom Pedro faleceu em Jundiaí-SP, no dia 05 agosto de 1955.



NAMOROS AVANÇADOS...

Em 22 de março de 1948, o vereador Alberto da Costa apresentou um requerimento à Câmara Municipal de Jundiaí solicitando que fosse enviado um ofício ao Delegado de Polícia pedindo providências acerca do que chamava "falta de respeito e moral" em nossa cidade. 

O vereador pedia providências contra 

Segundo Costa, isso acontecia em nossas ruas e jardins, especialmente ao lado da porta da Caixa Econômica e em frente à Cadeia e ao Mercado, hoje Fórum e Sala Glória Rocha.

Encerrava o requerimento solicitando providências enérgicas ao Delegado, mas pedindo para 





Como dizia minha Nonna, "Niente di nuovo sotto il sole"...  

quarta-feira, 1 de março de 2017

JJ ABDALLA E MAIS UMA GREVE NA FÁBRICA JAPI

Conhecida como Tecelagem Japy,  começou a funcionar no bairro de Vila Arens, em 18 de novembro de 1914, uma fábrica de tecidos pertencente ao então senador Antônio de Lacerda Franco. Estava instalada em uma área de cerca de 22 mil metros quadrados. 

A Japy (ou o Japy, como diziam alguns), começou fabricando sacos de estopa e depois tecidos para vestuário - fabricou tecidos para os uniformes dos revolucionários de 1932. Adoniran Barbosa foi um de seus funcionários.   
Abdalla
Em algum momento de sua história, passou às mãos de José João Abdalla, conhecido como J. J. Abdalla (1903 - 1988). Médico, Abdalla foi empresário nos setores industrial (cimento e têxtil, principalmente), financeiro e de construção civil. Envolveu-se na política, ocupando diversos cargos entre eles os de deputado e secretário de estado, muito ligado ao então governador Ademar de Barros. 

Notoriamente corrupto, grileiro, respondeu a mais de 500 processos por irregularidades empresariais, crimes contra a economia popular e desobediência às leis trabalhistas - costumava não pagar corretamente seus funcionários, tendo suas empresas passado por muitas greves, como a da Japy em 1958, noticiada pela Folha da Manhã em sua edição de 26 de setembro daquele ano. Era comum que seus funcionários recebessem parte de seus salários (quase sempre atrasados) em tecidos, que eram vendidos para que conseguissem algum dinheiro.

Foi preso nos anos de 1969, 1973 e 1975 e teve seus bens e empresas confiscadas em 1964, 1973, 1975 e 1976.

Em nossa cidade, além da Japy, foi dono de outras empresas, como a Argos, Frigorífico Guapeva e Moinho Jundiaí. 

Após o encerramento das atividades fabris, seu prédio foi ocupado por um supermercado da rede Disco, que pouco tempo durou. Mais tarde, uma empresa tentou lançar ali um conjunto de apartamentos, sem sucesso. 

A edificação encontra-se praticamente destruída, embora haja uma determinação da Prefeitura de Jundiaí no sentido de que sejam preservados um galpão restante e a chaminé da fábrica, cuja foto está abaixo.