quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

TENENTE LEONARD HAMMOND: MAIS UM JUNDIAIENSE MORTO NA 1ª GUERRA MUNDIAL

O Tenente Leonard Hammond
Já falamos sobre  Walter John Hammond, um inglês que viveu em nossa cidade trabalhando para a Cia. Paulista e que teve dois filhos nascidos aqui, mortos na 1ª Guerra Mundial lutando pelo exército inglês. 

Um deles foi o Capitão Paul Hammond, o outro, o Tenente Leonard Hammond,  que morreu em Demuin, no Somme, França, em 5 de julho de 1916, aos 27 anos. Leonard pertencia ao 10º Batalhão do Duke of Wellington's Regiment (West Riding Regiment). Seu corpo está sepultado no Cemitério Militar de Becourt, não longe de onde morreu, durante a batalha de Albert, a primeira das batalhas do Somme. 

Leonard estudou na Inglaterra na  Tonbridge School (onde se destacou jogando críquete) e posteriormente na Universidade de Louvain, na Bélgica.

Havia um terceiro militar na família, mais jovem que Paul e Leonard, que como Capitão também lutava na França. Após a morte dos mais velhos, foi transferido de volta para a Inglaterra, onde serviu até o final da guerra. Este irmão mais novo estudou na Universidade de Westminster, onde se destacou como jogador de futebol - era zagueiro.  

domingo, 24 de dezembro de 2017

REVOLUÇÃO DE 1932: RADIOTRANSMISSOR APREENDIDO E PROPRIETÁRIO PRESO

A Electro Metallica era uma indústria mecânica de nossa cidade, fundada em 1913. Situava-se na Rua Barão de Jundiaí nº 1 - na atualidade é difícil conceber uma indústria desse tipo na principal rua de nossa cidade - o anúncio ao lado é de 1936 - a empresa localizava-se onde hoje fica a EE Dr. Antenor Soares Gandra, a "Industrial". 

Seu proprietário envolveu-se em um episódio da Revolução de 1932: a Folha da Manhã de 23 de setembro daquele ano anunciava a apreensão de um aparelho radiotransmissor pertencente a Alberto Klovrza, filho do engenheiro José Klovrza, proprietário da empresa.  Em épocas de conflito, equipamentos como este são vistos como de uso de espiões, o que redundou na apreensão do rádio e prisão de Alberto.

Os combates terminaram em 2 de outubro, mas a manchete daquele jornal, 9 dias antes, eram francamente otimistas do ponto de vista dos revolucionários - mais uma vez, justifica-se o ditado: na guerra, a primeira vítima é a verdade... 

Não temos informações acerca da evolução dos fatos, mas consta que em 1945 Alberto Klovrza, "de nacionalidade tcheca nascido na Alemanha em 12 de Abril de 1911", obteve a cidadania brasileira - constam como seus pais José Klovrza e Maria Olga Klovrza.

Em 6 de abril de 1941, a imprensa da capital noticiava que Klovrza doara à Prefeitura uma área de terreno destinada "à abertura de uma nova rua que porá a rua Barão de Jundiahy em comunicação com a rua Major Sucupira, em frente ao "belvedere" - esse belvedere (mirante) é o alto do Escadão e a nova rua, situada entre a escola e a Pinacoteca, tem o nome de Roma.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

VEREADOR QUERIA DEMOLIR O SOLAR DO BARÃO

O Solar do Barão é uma das jóias de nossa cidade - uma das poucas construções antigas que sobreviveu à sanha de "modernização" da  cidade. 

O casarão foi  construído na década de 1860, era a residência da família Queiroz Telles, fazendeiros e políticos. É uma construção típica de sua época, tendo ainda um belo jardim; o complexo, na atualidade,  sedia o Museu Histórico e Cultural de Jundiaí.

Mais o prédio correu riscos: em requerimento datado de 12 de fevereiro de 1969 o então vereador Reinaldo Ferraz de Barros Basile manifestava-se de forma clara sua opinião de que o prédio deveria ser demolido, com uma rua sendo construída na área ocupada por ele, "modernizando" a cidade - um trecho do requerimento aparece ao final deste post - para conhece-lo na íntegra, basta ir ao link acima. Felizmente o vereador não conseguiu fazer suas idéias irem à frente. 




sábado, 16 de dezembro de 2017

MADAME CARLETTI ATENDIA AS ELEGANTES DE JUNDIAHY

Um anúncio na Folha da Manhã de 29 de julho de 1934 informava às elegantes de nossa cidade que a casa de Modas de Madame Maria Carletti estava à disposição na rua Barão 80, telefone 297. 

Os anúncios antigos trazem informações interessantes: este, falava em "luto em 24 horas" - na época, quando um parente próximo morria, as mulheres usavam roupas pretas durante um certo período. Falava também em "machinas de point-ajour" e plissée", coisas de que não temos certeza do que são.

Na mesma edição, as elegantes da cidade eram informadas que no dia seguinte começaria mais uma  Liquidação Semestral do Mappin, oferecendo, entre outras coisas "pelles e manteaux" em centenas de modelos, sem repetições (mulheres odeiam encontrar outras com roupas iguais...).


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

EXPULSÃO DE CIGANOS - SEMPRE UM POVO PERSEGUIDO

Em sua edição de 21 de fevereiro de 1932. a Folha da Manhã noticiava que um grupo de ciganos havia acampado no Largo de Santa Cruz e que as mulheres do grupo andavam pelas ruas da cidade "tirando sortes".

Pressionados pela Polícia acabaram instalando-se em uma casa da Rua Adolpho Gordo, hoje Zacarias de Góes, e segundo o jornal "trazendo "appreensões à população".

Na época, a presença de ciganos era associada a golpes como a venda de jóias falsas, furtos de cavalos e em residências e outros delitos do tipo. 

Nos anos 1950, era comum ciganos acamparem na região pela qual passa hoje a Av. 14 de Dezembro - as mães na época recomendavam às crianças que não saíssem de casa, pois "ciganos roubavam crianças" - e seguíamos essa recomendação à risca...

domingo, 10 de dezembro de 2017

AUMENTO DE IMPOSTOS? NENHUMA NOVIDADE

Nesses dias em que se fala de um aumento do IPTU de "apenas" 25%, vale lembrar que isso não é nenhuma novidade: em 1868 Joaquim Saldanha Marinho, "comendador da Ordem de Cristo e presidente  da província de S. Paulo, etc., etc., etc" decretava, a pedido de nossa Câmara Municipal, aumento de impostos para nossa cidade. Os produtores de café e açúcar pagariam 20 réis por arroba e os advogados, médicos e cambistas pagariam anualmente 10 mil réis. 

Mas como sempre dizem as autoridades, o fim era nobre: os valores seriam utilizados para a construção de um cemitério e de um chafariz. 

Restam algumas perguntas:

1. O que seria o "etc., etc., etc" nos títulos do Presidente da Província (foto ao lado)?

2. O que significaria a palavra "cambista" naquela época?

3. Será que o cemitério e o chafariz foram construídos?

4. Quando será que esses impostos foram suprimidos, se é que o foram?  

Mais uma vez a Bíblia está certa:  nihil novi sub sole (não há nada de novo sob o sol), como está em Eclesiastes, 1, 10...

GRANDES FIGURAS DO RADIO JUNDIAIENSE

É sempre bom relembrar grandes figuras do rádio jundiaiense.  Em agosto de 1973, o vereador José Sílvio Bonassi propunha um voto de congratulações a três dessas figuras: Cícero Henrique, advogado que continua atuando na Rádio Cidade e dois radialistas já falecidos: Hélio Luiz Lorencini (advogado) e José Roberto Reynaldo, (policial militar), ambos falecidos prematuramente.

O vereador destacava o programa "Enquete da Semana", que trazia a opinião de pessoas do povo acerca de temas de interesse da cidade. 


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O VOLEI NA ESPORTIVA: SÓ SAUDADE

A velha e querida Associação Esportiva Jundiaense vive hoje praticamente apenas na memória daqueles que de uma forma ou outra foram ligados a ela - de uma forma mais concreta, ainda reúne alguns veteranos em peladas jogadas em sua sede de campo; a sede do centro é hoje um conjunto de edifícios residenciais.

Mas nem sempre foi assim: em 1958 ganhou em Caçapava o troféu Bandeirantes, à época um certame muito importante, nas modalidades de voleibol masculino e feminino - o então vereador Omair Zomingnani propôs à Câmara um voto de louvor ao clube.

O volêi sempre foi importante na Esportiva: em sua edição de 14 de maio de 1937, o jornal “Folha da Manhã”, de São Paulo, noticiava a realização do campeonato de voleibol (o esporte era chamado “volebol”) da Esportiva, com as escalações das equipes, que eram chamadas “turmas” – membros de tradicionais famílias de nossa cidade ali aparecem, como mostra o recorte abaixo:


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

PAUL HAMMOND, UM JUNDIAIENSE QUE MORREU NA 1ª GUERRA MUNDIAL

Paul Hammond nasceu em Jundiaí em 28 de outubro de 1884 e morreu na França, durante a primeira batalha do Somme, em 25 de fevereiro de 1916. As batalhas do Somme  foram das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial: mais de 1,2 milhões de mortos e feridos! 

Hammond era filho de Walter John e Lucy Hammond;  seu pai era um engenheiro inglês que trabalhava para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro.

Hammond estudou engenharia de minas  na Universidade de Freiberg, na Alemanha. Formado em 1907,  trabalhou na área no Uruguai e nos estados de São Paulo e Bahia, após o que voltou a Londres e passou a atuar como consultor na área de mineração.

Juntou-se ao exército inglês tão logo a guerra começou, atingindo o posto de capitão e ao morrer atuava como "acting major" (um capitão que ocupa temporariamente o posto de major), quando em 17 de fevereiro de 1916, na área de Foncquevillers, foi atingido na coxa por uma bala perdida, no momento em que deixava uma trincheira. Comandava uma companhia do 8º Batalhão do East Lancashire Regiment.

A bala causou uma fratura exposta no osso de sua coxa; foi operado, mas contraiu pneumonia, vindo a falecer. Foi sepultado no cemitério de Étretat, próximo ao local onde foi ferido. Sua morte foi profundamente lamentada por seus companheiros de armas, tendo recebido elogios de Sir Douglas Haig, que comandava as tropas inglesas na França.

Para adicionar ainda mais tristeza, seu irmão Leonard, tenente do exército inglês, também foi morto em ação no dia 5 julho daquele ano. Havia um terceiro irmão, também capitão que lutava na França e que após a morte de Leonard, foi transferido para a Inglaterra, assumindo funções na retaguarda. 

O triste fim dos irmãos certamente acelerou a morte do pai, que aconteceu em agosto do mesmo ano.  Um monumento homenageia os irmãos e outros mortos na guerra que viveram em Knockholt, onde residiam seus pais. 


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

JUNDIAÍ CONSTOU DO PRIMEIRO LIVRO EDITADO NO BRASIL


O Padre Manuel Aires de Casal escreveu um livro que descrevia o Brasil do ponto de vista geográfico - foi o primeiro livro editado no Brasil. Trazia também uma história do país desde o descobrimento até 1532, quando o Brasil foi dividido em capitanias. 


Como mostra a imagem ao lado, foi impresso no Rio de Janeiro em 1817, e como era de praxe, foi dedicado ao Rei D. João VI, que era chamado pelo autor "Sua Magestade Fidelíssima". 


O Padre Casal falou de nossa cidade e faz uma descrição interessante dela, como se pode ver no fragmento do livro que aparece ao final deste post: dizia que Jundiaí era uma vila medíocre (no sentido de ser de tamanho médio), que tinha uma boa matriz e um hospício (hospital, asilo) dos Beneditinos - é nosso atual Mosteiro de São Bento. 

Falava também dos jundiás, peixes que deram origem ao nome da cidade, da criação de animais, das grandes plantações de açúcar e dos engenhos e da abundância de legumes e milho; tudo isso servia para abastecer as tropas que partiam para Goiás (e outros destinos) e que se preparavam aqui para suas lingas viagens. 




O Padre Casal voltou para Portugal com a Família Real em 1817, tendo falecido em 1821 aos 67 anos. 

Ao que tudo indica, Aires de Casal escreveu a sua "Corografia Brazilica" sem realizar nenhuma viagem de estudo e observação, sendo a obra fundamentada, basicamente, em descrições e inventários produzidos por terceiros, com o autor aproximando-se mais da posição de compilador. Caio Prado Júnior observou que, para falar dos indígenas, por exemplo, utilizou um texto de 1571, de autoria de Jerônimo Osório, que nunca esteve no Brasil; outro texto utilizado por Aires de Casal é de autoria de Santa Rita Durão, que descreve os frutos brasileiros.

De qualquer forma, a obra tinha valor, em uma época que muito pouca literatura estava disponível. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

ACIDENTE COM A LITORINA




Em nossa região era célebre a litorina, trem leve de passageiros que ligava São Paulo a Campinas, com parada em nossa cidade - durante certos períodos, houve outras paradas. Era utilizada principalmente por profissionais e estudantes. 

Em 18 de agosto de 1976, quase uma tragédia: a litorina vinda de Campinas chocou-se com um trem de carga estacionado na estação de nossa cidade - houve um erro de um operador de chaves de desvio ou uma falha desse equipamento. Foram 87 feridos, nenhum grave. 

O trem envolvido era um composto por carros Budd, diferentes dos carros ingleses que compunham as litorinas originais, que já foram objeto de post em nosso blog




sexta-feira, 24 de novembro de 2017

CANTO LÍRICO E COMÉDIA NA JUNDIAÍ DE 1938

A Folha da Manhã de 8 de janeiro de 1938 noticiava a chegada à nossa cidade de dois grupos artísticos.

O primeiro era a "Companhia Lyrica Italiana de Dora Selina", que vinha do Rio de Janeiro para exibir-se em nossa cidade pela terceira vez. Seriam cinco recitas, e as "assinaturas" (reservas) poderiam ser feitas no Salão Orestes (o que seria esse estabelecimento? Uma barbearia?).

As recitas aconteceriam no Theatro Polytheama e faziam parte da programação da Festa da Uva.

Já estava por aqui a "Companhia Brasileira de Theatro Musicado", exibindo-se no Theatro República, em Vila Arens, onde apresentava comédias, que segundo o jornal, vinham agradando. Margarida Sper, que liderava o grupo, chegou a atuar no cinema, fazendo em 1952 o filme "João Gangorra", onde contracenava com Walter D'Ávila.

Em uma época de poucas opções para diversão, o teatro fazia sucesso - pouco coisa parecida acontece hoje por aqui. Uma alternativa era o rádio, como mostra a propaganda dos rádios Blaupunkt, publicada na mesma edição do jornal: 


terça-feira, 21 de novembro de 2017

MAIS DA FINADA VIGORELLI: A METRALHADORA URU

Em post anterior, já falamos da história da Vigorelli, empresa que marcou época em nossa cidade.

Neste post, trazemos duas notas que fizeram parte de uma resenha de maio de 1982, trazendo notícias acerca da empresa, uma delas publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo relatando greve na empresa, causada pela falta de pagamento aos funcionários. 

A outra, publicada pelo Jornal do Brasil, relata o pedido de concordata feito pela empresa, que mencionava a possibilidade de fabricar armas como forma de fugir à crise que a assolava - era mais uma tentativa esdrúxula: a empresa já se aventurara a fabricar barcos de pesca, móveis, caixões de defunto etc. 

A Uru
Quanto às metralhadoras, consta que a empresa fabricou algumas, que foram abandonadas quando da falência - apenas algum tempo depois disso, o Exército recolheu as armas e peças que estavam na fábrica. Isso talvez explique porque, as metralhadoras Uru - as armas que seriam fabricadas, apesar de nunca terem sido vendidas, terem chegados às mãos de bandidos e membros das FARC colombianas. Essa arma era de péssima qualidade, e segundo alguns, tinha o péssimo hábito de disparar todos os seus trinta projéteis quando caia ao chão...

Para lembrar um pouco de coisas boas, encerramos este post mostrando um anúncio dos bons tempos da Vigorelli; a curiosidade é que o anúncio menciona ao citar seu endereço a expressão "Cidade Vigorelli" - além da fábrica propriamente dita, existiam casas para os funcionários - a maior parte da área é hoje ocupada pelo Jundiai Shopping.




sábado, 18 de novembro de 2017

WALTER JOHN HAMMOND - UMA PERSONAGEM POUCO CONHECIDA EM NOSSA CIDADE

A primeira locomotiva da Paulista
Walter John Hammond nasceu na Inglaterra, mais precisamente em  Ashford, Kent, em 21 de janeiro de 1849.

Chegou a Jundiaí em 1871, para trabalhar como engenheiro na Companhia Paulista de Estradas de Ferro;  poucos anos depois  assumiu uma gerência naquela empresa. 

A Paulista tinha interesse na navegação do Rio Mogi Guaçu, para conexão de localidades situadas às suas margens à ferrovia. Hammond trabalhou nesse projeto, tendo suas realizações sido reconhecidas por Dom Pedro II, que o condecorou com a Ordem da Rosa, uma importante honraria.

Era famoso por suas preocupações com a melhoria das condições sociais dos trabalhadores e por sua luta contra a escravatura - levava a sério as regras vigentes na época, que previam que escravos ao adentrarem nas terras concedidas à ferrovia tornavam-se propriedade da mesma e não podiam mais serem capturados, o que na prática significava liberdade. 

Após 21 anos no Brasil, retornou à Inglaterra,  passando a viver em  Knockholt, próximo a  Sevenoaks, Kent. Tornou-se diretor de várias empresas, entre as quais a São Paulo Railway - SPR, futura Santos a Jundiaí e da Amazon Steam Navigation Co. - a serviço dessa empresa, subiu o Rio Amazonas até o Peru.  


Tenente Leonard Hammond
Capitão Paul Hammond
Casado com Lucy Hammond, teve três filhos nascidos em Jundiaí que lutaram pela Inglaterra na 1ª Guerra Mundial, na qual os dois mais velhos, Paul e Leonard, morreram em 1916.

Walter Hammond morreu em sua casa em Knockholt em 11 de agosto de 1916, certamente muito abalado pela morte dos filhos.   

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

MAIS CONFUSÕES AMOROSAS...

Nossa cidade tem sido palco de casos de amor, no mínimo, extravagantes.


Conforme relatava a Folha de São Paulo de 28 de julho de 1964, um tal de Pedro das Vacas casou-se apenas no religioso com uma certa Antonia. Pedro, que não era flor que se cheire, envolveu-se em furtos e acabou ficando preso durante longa temporada. Com Pedro no xilindró, Antônia casou-se com Armando, no civil. 

Ao sair da cadeia, Pedro foi viver na Vila Hortolândia, vizinho a Antônia e Armando. Em um certo domingo, em um bar da região, Pedro acabou discutindo e sendo agredido por um grupo de desconhecidos, o que talvez tenha acontecido em função de sua condição de "marido traído".

Exasperado, armou-se de um porrete e resolveu matar Antonia; Armando, defendeu a mulher acertando dois tiros de garrucha na boca de Pedro, que ficou ferido. 

No final de tudo, os dois maridos na cadeia e Antônia sozinha...


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A FUNDIÇÃO ESPERANÇA

Em 17 de fevereiro de 1957, a Fundição Esperança saudava seus clientes pela passagem do Dia da Indústria.

O prédio onde se localizava a Fundição ainda existe, fica no cruzamento da Rua Pitangueiras com a Dr. Hegg, e hoje abriga a loja de tintas Copema, depois de ter ali funcionado a fábrica de sorvetes Cremilk.

A Fundição mantinha na calçada dois bancos de jardim, onde estudantes do GEVA e do Anchieta se encontravam à noite, após o final das aulas. 


Em 1959, a empresa anunciava na "Folha da Manhã":



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O HOTEL DA ESTAÇÃO DE JUNDIAHY

Em junho de 1887 o jornal "Imprensa Ytuana" publicava um anúncio do "Hotel da Estação de Jundiahy", de propriedade de Rappa & Barretini.

Afirmava servir almoço e jantar a qualquer hora, contando com um "perito cozinheiro". O anúncio informava receber da Itália "todas as qualidades de vinho", um "de pasto", certamente o vinho da casa, e um "Aleático Toscano", produzido com uma uva que, ao que parece, é uma mutação do moscato nero toscano, que permite produzir vinhos de muito boa qualidade, na classificação italiana, DOC - Denominazione di Origine Controllata, que indica o local onde as uvas utilizadas foram cultivadas.

Falava de diversos produtos disponíveis, inclusive dos queijos Parmesão e Romano - este parece ser o Pecorino, queijo   feito com leite de ovelha, duro, compacto e salgado, com sabor forte. O Pecorino é parecido com o Parmesão, que é feito com leite de vaca. 

Em post anterior, dissemos que o jornal Correio Paulistano publicara em sua edição de 3 de março de 1872, um anúncio do "Hotel do Commercio", em nossa cidade, vizinho à Estação Ferroviária. Seria o mesmo estabelecimento? Provavelmente, sim. 

A foto abaixo, do acervo do Prof. Maurício Ferreira, mostra a plataforma da Estação em 1893, aparecendo a tabuleta falando da conexão com a Ituana, razão pela qual o anúncio foi publicado no jornal daquela cidade.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

LIGAR PARA FORA DE JUNDIAÍ EM MEADOS DOS ANOS 1970? MUITO DIFÍCIL...

O sistema DDD - Discagem Direta a Distância, que permite que façamos ligações entre localidades diferentes simplesmente discando o prefixo da região chamada e o número do telefone com que pretendemos nos conectar, chegou a Jundiaí em meados dos anos 1970.

Antes disso, precisávamos discar 01 e pedirmos à telefonista que fizesse a ligação; era um serviço extremamente precário, e como dizem os comentaristas de futebol, "uma caixinha de surpresas": a ligação podia ser feita imediatamente, dentro de algumas horas, ou simplesmente não acontecer. Havia um serviço chamado "interurbano com hora marcada", em que se pedia a ligação para uma determinada hora, do dia seguinte! Evidentemente, as tarifas eram diferenciadas. 

As empresas tinham problemas: a CICA, por exemplo, para falar com sua filial de Monte Alto (distante cerca de 300 km), usava um sistema de rádio...

As dificuldades (e prejuízos) eram óbvios, o que levou o então vereador Hermenegildo Martinelli a solicitar providências à operadora, a Cia. Telefônica Brasileira. No requerimento em que pedia essas providências, o vereador mencionava a existência de 33 canais para ligações interurbanas - eram possíveis apenas 33 ligações ao mesmo tempo, sempre usando os tradicionais telefones pretos!

Felizmente, isso é passado. 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

NOSSO SACRISTÃO VAI PARA O SEMINÁRIO


O jornal Imprensa Ytuana, de 17 de maio de 1883 publicou uma nota assinada por João Baptista de C. Pimenta que fora sacristão de nossa igreja Matriz, hoje Catedral. 

O sacristão deixava a cidade para cursar o Seminário Episcopal, em São Paulo.

A nota agradecia "ao bondoso povo Jundiahyano" pelo acolhimento. 

Agradecia também ao Vigário de nossa cidade, Padre João José Rodrigues, que vivia com sua mãe, Dª Jezuina, pelas provas de amizade e amor paternal que lhe deram. Também pedia desculpas por qualquer falta que houvesse cometido. 

Quanto ao Vigário, que dá nome à rua que liga o Centro da cidade à Vila Arens, morreu em nossa cidade em 3 de julho de 1887, antes de completar 42 anos de idade. 


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

MÉDICOS: ÀS VEZES ABNEGADOS, ÀS VEZES NEM TANTO...

A febre tifóide é uma doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria  Salmonella typhi, presente em alimentos ou água contaminados.  Está associada a baixos níveis socioeconômicos, relacionando-se, principalmente, com precárias condições de saneamento e de higiene pessoal e ambiental.

Antes dos antibióticos, causava muitas mortes - dentre suas vítimas,  o  compositor Franz Schubert,  Wilbur Wright  (um dos irmãos Wright, pioneiros da aviação),  Péricles (filósofo e político da Grécia antiga), D. Pedro V (rei de Portugal), a princesa  Leopoldina de Bragança e Bourbon (filha de D. Pedro II, morta aos 23 anos) e o renomado físico italiano Evangelista Torricelli.

Surtos da doença eram frequentes em nossa cidade, e um deles aconteceu em fins de 1929; detetado o surto, o Dr. Antenor Soares Gandra, delegado de higiene de nossa cidade convocou os médicos da cidade para uma reunião de urgência para tratar do assunto, conforme noticiou a Folha da Manhã, de 19 de dezembro de 1929.

Além do Dr. Gandra, compareceu à reunião o tenente Edgard Mattos, médico do 2º Grupo de Artilharia de Montanha (hoje 12º GAC). Os demais seis médicos de nossa cidade simplesmente não compareceram. O jornal encerra a nota com ironia, falando da incrível coincidência de estarem todos ocupados no horário da reunião...


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A COMPANHIA CERÂMICA JUNDIAHYENSE E O POLYTHEAMA EM 1937

A Companhia Cerâmica Jundiahyense foi fundada nos anos 1920, tendo sido  pioneira na fabricação de louça sanitária no Brasil; foi adquirida pelo grupo Itau em 1968, fabricando produtos que levam a marca Deca. A Folha da Manhã de 24 de janeiro de 1937 publicou anúncio da empresa, apresentando seus produtos: "bacias de W. C.", lavatórios, "bidets" e "mictórios". 

A fábrica situava-se no bairro da Ponte de São João, em área hoje ocupada por edifícios residenciais - a foto que ilustra o anúncio foi feita mostrando a fábrica e os altos da hoje Avenida dos Imigrantes. A foto acima foi tomada no sentido contrário, mostrando o bairro de Vila Arens e parte do Centro da cidade.

Naquela data, o jornal apresentava, em algumas páginas, notícias e anúncios de nossa cidade - dentre esses, o do Theatro Polytheama, que à época funcionava também como cinema e era anunciado como "o maior e mais confortável do interior"; no dia os jundiaienses puderam assistir "Amor e ódio na floresta", um "film inteiramente colorido" -  em "technicolor", foi produzido em 1936, tendo sido um dos primeiros filmes coloridos; mostrava a história de duas famílias rivais que viviam em fazendas vizinhas e que se envolveram na construção de uma ferrovia e em casos de amor.

O cinema e a cerâmica são temas diferentes, mas podem nos dar uma ideia acerca de como era a cidade naquela época.  

terça-feira, 24 de outubro de 2017

UM CASO COMPLICADO - OU, MAIS UM AMOR INCONTROLÁVEL...

A Folha da Manhã, de 15 de julho de 1931 noticiava um caso complicado: o jovem Narciso, casado e pai de dois filhos, motorista da Argos, apaixonou-se pela jovem Alzira, solteira, que trabalhava na Fábrica Glória.

Talvez inspirado por um filme que estava nos cinemas naquela época, Narciso simplesmente retirou os móveis de sua casa e levou-os para a casa de seus pais, que viviam perto da estação de Várzea Paulista; a esposa de Narciso "botou a boca no mundo" e os pombinhos foram intimados a comparecer à Polícia que abriu inquérito para apurar o assunto - pena que não conseguimos descobrir como terminou a novela...