sexta-feira, 30 de setembro de 2016

EM JUNDIAÍ, DANÇAVA-SE MUITO

Os bailes tinham no passado uma importância muito maior do que na atualidade. 

Eram das poucas ocasiões em que jovens podiam divertir-se , namorar, sem uma supervisão mais estrita de seus pais; além disso, eventos de outras espécies eram raros, pouquíssimos tinham automóveis, telefones ou condições de viajar - assim, o baile era "o" evento.

Amostra dessa importância era a nota publicada na Folha da Manhã de 31 de dezembro de 1933, anunciando cinco bailes: 

- Na sede do E. C. Amazonas, ocorreria um "sarau dansante", comemorando o Ano Novo; 

- Do São João, comemorando a posse da nova diretoria; 

- Da Banda Paulista, um "vesperal" no dia 1º de janeiro, 19 horas, comemorando a chegada do Ano Novo; 

- A nova diretoria do Casino Jundiahyense (depois Clube Jundiaiense), ofereceria a seus associados uma "soirée dansante", e, finalmente, 

- A Sociedade Musical Ítalo Brasileira (a Banda) ofereceria uma "partida dansante", também comemorando a chegada do Ano Novo. 

Ficam algumas curiosidades: onde seria o baile da Banda Paulista? Provavelmente no Grêmio. E o do Amazonas? Não conseguimos mais informações sobre esse clube, exceto que em sua sede seria realizada uma reunião para discutir assuntos ligados à construção da Igreja da Barreira, o que talvez nos permita concluir que o clube se localizasse naquela região.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

BANHISTAS (NUS) PRESOS NAS PITANGUEIRAS

A Folha da Manhã de 8 de maio de 1932 noticiou a prisão de quatro marmanjos que costumavam nadar nus no Rio Guapeva, nas proximidades do bairro das Pitangueiras, em nossa cidade.


Acreditamos que a "praia" ficava na região por onde hoje passa a avenida Odil de Campos Saes, pois o jornal dizia que era um ponto de passagem das funcionárias das fábricas de tecidos da Vila Arens (Argos, São Bento, Milani, Japy), o que talvez entusiasmasse os folgados. 

A observar que era maio, e nessa época o clima em nossa cidade não é muito propício a banhos de rio. 

Levados ao xadrez, foram soltos após pagarem "a carceragem" - o que seria isso? Algo que muitos propõem hoje, com os presos pagando as despesas que geram? Ou seria uma espécie de fiança? 

Ignora-se também se a lição serviu aos banhistas...






sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O CAMPEONATO DE BASQUETE DE NOSSA CIDADE, O CARAMURU (O TIME DO QUARTEL) E A CHEGADA DO ESPORTE AO BRASIL VIA MACKENZIE

Jundiaí já teve um campeonato de basquete - sob esse ponto de vista, na década de 1930, esse esporte estava muito mais avançado do que atualmente. Havia em nossa cidade um time formado por militares do Exército,  o Caramuru FBC, que era filiado à Liga Jundiahyense de Bola ao Cesto (o esporte não era chamado "basquete"). 

Recorrendo à pesquisa em hemerotecas (arquivos de jornais), pudemos levantar algumas informações acerca do tema, dentre as quais:

- 6.6.31: jogando pelo campeonato da cidade,  a Esportiva venceu o Caramuru por 18 a 15 - nos segundos quadros, a Esportiva também venceu por 25 a 9. O jogo foi na quadra da Esportiva, localizada na então chamada "Chácara das Laranjeiras"

- 14.04.32: o Caramuru venceu um jogo amistoso contra o time da Esportiva. O curioso é que o jogo foi realizado no intervalo de um concerto que a Banda Paulista dava em homenagem ao 2º GAMth (hoje 12º GAC), unidade onde serviam os jogadores do Caramuru. 

- 4.4.33: foram realizados jogos amistosos na quadra da Esportiva: Esportiva x Ponte Preta (de Campinas) e Associação dos Empregados do Comércio x Caramuru. Após os jogos, encerrando a festa, houve uma "partida dansante" no Grêmio CP.

- 6.6.36: era uma 6ª feira, e a Folha noticiava que no domingo anterior o Caramuru perdera um jogo amistoso realizado em sua quadra, contra o ECE Penha; o placar foi 19 x 17 e nessa ocasião o Caramuru já era chamado EC Caramuru; a quadra ficava no quartel, no centro da cidade.

- 3.5.46: o 2º GADo (2º Grupo de Artilharia de Dorso, que sucedeu ao 2º Grupo de Artilharia de Montanha), organizou uma "parada esportiva" - uma serie de competições de diversas modalidades. aberta por um desfile. No basquete, além do Caramuru, participariam os times da Esportiva, Grêmio CP e Associação dos Empregados do Comércio, disputando o Torneio Início do campeonato daquele ano, que seria patrocinado pelo jornal "Folha da Manhã".

É interessante como o esporte mudou, desde nome até a contagem dos jogos. O basquete foi criado em   1891,  nos Estados Unidos, quando o professor de Educação Física James Naismith, da Associação Cristã de Moços, teve a ideia de criar um esporte que pudesse ser praticado em uma quadra fechada, por que o inverno rigoroso impedia a prática dos esportes ao ar livre. 


A primeira equipe do Mackenzie
No Brasil,  a prática do basquete teve início no Mackenzie, em 1896, como professor americano Augusto Shaw. O time do então Mackenzie College participou do primeiro jogo do campeonato paulista, em 1902, vencendo por  2 a 1 (!) o time do Germânia (atual clube Pinheiros),  
Oscar


Hoje, a Universidade Presbiteriana Mackenzie mantém a tradição, formando atletas e se sobressaindo nos esportes - um de seus alunos e atleta foi Oscar Schmidt, o Mão Santa, que conta uma história interessante: ele e outro aluno, Pelezinho, disputavam pelo Mack o torneio da FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes), competição  entre as faculdades paulistas). 

O time iria jogar a partida semifinal, mas só os dois haviam chegado até o horário de inicio do jogo - Oscar já era um jogador de seleção, o fato ocorreu ao redor de 1981. Conta Oscar:  "Não pensamos duas vezes, fomos para a arquibancada e perguntamos se tinha alguém com a carteirinha do Mackenzie. Arranjamos três e fomos jogar". Os escolhidos nunca tinham visto basquete na vida, mas deram para o gasto e evitaram o W.O. "Pedimos para ficarem com os braços levantados e correrem, se conseguissem alguma coisa era lucro." Resumindo a história, o Mackenzie venceu a partida por 4 pontos e, na final, levou o título do torneio...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

UMA HISTÓRIA MUITO LOUCA OU, SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE TRÁGICO..




O Hospital Psiquiátrico do Juqueri é uma das mais antigas e maiores colônias psiquiátricas do Brasil e está localizado em Franco da Rocha (antigamente chamada Juqueri).

Seguindo projeto de Ramos de Azevedo, sua construção foi iniciada em 1895, e  deveria ser uma instituição modelar para tratamento de doenças mentais; porém, por diversos motivos, o Juqueri acabou tornando-se um depósito de gente, algo profundamente desumano, que contrariava as ideias de seu fundador, o psiquiatra Francisco Franco da Rocha. 

Com milhares de internados, era impossível impedir a saída dos pacientes, que com frequência vinham para nossa cidade, de trem ou mesmo a pé, pela Estrada Velha de São Paulo. 

A Folha da Manhã de 14 de março de 1926 conta-nos uma história da qual são protagonistas cinco desses infelizes: deixaram o Juqueri e vieram para nossa cidade, hospedando-se no Hotel Guarany (não temos mais dados sobre esse estabelecimento).

Ali chegando, quatro deles comeram e foram dormir. O quinto,porém, passou a refletir sobre o assunto e concluiu que, como não tinham dinheiro, acabariam tendo problemas... - assim, foi embora de mansinho, ou, conforme o jornal, "deu às de Villa Diogo"...

Quanto aos demais, foram descobertos pelos guardas do Juqueri, que os conduziram de volta ao hospício...

Temos notícia de um fato ocorrido talvez nos anos 1950/1960: um fugitivo do Juqueri, abordou a sentinela do então 2º GO 155 postada à entrada da Vila Militar, dizendo querer falar com seu filho, que servia na unidade (o que não era verdade). O fugitivo, armado com uma espingarda, atirou em um sargento que fora em apoio à sentinela, sem atingi-lo; o sargento revidou e feriu o fugitivo na perna.   


terça-feira, 13 de setembro de 2016

O COMANDANTE VIDELMO MUNHOZ -VOOU PARA OS HOMENS, VOOU PARA O ETERNO

Placa no túmulo do Comandante Munhoz
No início da noite de 17 de setembro de 1951, o DC-3 PP-YPX da Real Aerovias, que fazia a rota Rio - São Paulo, caiu nas matas de Ubatubamirim, entre Parati e Ubatuba, tendo seus destroços sido localizados dois dias depois. 

A tripulação, em foto da "Folha da Manhã"
Seu comandante era o jundiaiense Videlmo Munhoz, que pereceu no acidente, assim como todos as demais nove pessoas que estavam a bordo. 

Dentre esses, outro jundiaiense, Roberto Lessa, estudante do 4º ano de Direito do Largo São Francisco, Harry Morgen, jogador de futebol (Guarani de Campinas) e Sallisbury Galeão Coutinho, um dos mais importantes jornalistas da época. O Cmte. Munhoz está sepultado em nossa cidade - placa em seu túmulo relembra a tragédia.

Cockpit de um DC-3
Segundo notícias da época, o avião foi totalmente destruído, tendo sido possível identificar o corpo do comandante apenas pelo relógio de pulso que usava.

Não foi possível determinar as causas da queda; o mau tempo talvez possa ser uma explicação, pois às 18:30 (quando o PP YPX já voava), a rota foi fechada por essa razão. 

Os aviões da época não dispunham de radares meteorológicos, que  permitem que tempestades seja evitadas; assim, uma das hipóteses é que o avião tenha entrado em nuvens do tipo cúmulus-nimbus (CBs) embutidas na névoa; esses cúmulus geram turbulências extremamente severas, que podem ter levado à perda de controle do DC-3.

Videlmo recebeu seu brevet no Aeroclube de Jundiaí em 1943; sempre foi um apaixonado pela aviação - morreu fazendo o que gostava; dá nome a uma rua do bairro do Anhangabaú.

O PP-YPX foi fabricado em 1943, para as forças armadas americanas. Até chegar à Real, pertenceu a diversas empresas, inclusive tendo se acidentado em 1949 ao pousar em Iguape, em missão de socorro às vítimas de outro acidente aéreo.    


DC-3 similar ao comandado por Munhoz

domingo, 4 de setembro de 2016

1935: O CAMPEONATO DE XADREZ DE NOSSA CIDADE



No final do ano de 1935, encerrou-se em nossa cidade o campeonato de xadrez organizado   pelo "Núcleo Enxadrístico Jundiahyense" e  do qual participaram jogadores ligados à entidade organizadora e à "Associação do Empregados no Commercio".

O vencedor do torneio foi Mario Tobias de Aguiar; dentre os participantes, algumas pessoas muito conhecidas em nossa cidade, como o vice campeão, o médico  Nicolino de Lucca, que dá nome à maior praça de esportes de nossa cidade, o Bolão; o Professor Lázaro de Miranda Duarte, além de membros de famílias tradicionais de nossa cidade, como Carletti, Taddei, Faggiano, Avallone, Wood e Giollo. Tudo isso é foi relatado pela "Folha da Manhã", em sua edição de 21 de novembro daquele ano.  

Dentro do verdadeiro espírito esportivo, todos os participantes receberam prêmios, medalhas e objetos oferecidos por estabelecimentos comerciais de nossa cidade.

Relembrar esses estabelecimentos é uma volta à infância: a Casa Eichemberger ofereceu uma cigarreira de prata; a Casa Independência, um chapéu; a Casa Trevo, uma camisa de seda e a Casa Rappa, ofereceu uma fruteira. 

Acerca desta última, vale lembrar o que escreveu o saudoso historiador Aldo Cipolato: “A velha Casa Rappa também nos servia de casa bancária. Jundiaí, naquela época, não possuía as agências bancárias que hoje possui. Ali guardava-se e tomava-se dinheiro, a bons juros. Não se exigia outras coisas senão honradez e seriedade, a valerem mais que os avais, endossos e outras exigências de hoje. Para Sperandio Rappa, moral era documento”.

Curiosamente, todos estes estabelecimentos   ficavam na Rua Barão de Jundiaí, o que mostra como nossa cidade era pequena naquela época. 

Quanto ao xadrez, existe (ou existiu) em nossa cidade o "Clube de Xadrez XIII de Agosto", acerca do qual não conseguimos maiores informações.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

COMEMORANDO O 7 DE SETEMBRO EM 1933

Em 1933, o 7 de setembro foi comemorado em nossa cidade: na véspera, uma 4ª feira, aconteceu um baile no Grêmio CP. Na tarde do dia 7, no "Jardim Público", tocou a Banda Paulista - o evento iniciou-se com a execução do Hino Nacional, que foi acompanhado pela "banda de cornetas e tambores" do 2º Grupo de Artilharia de Dorso (atual 12º GAC) .